DRE: como fazer um demonstrativo

Por Cristiano Reis | Financeiro

DRE: como fazer um demonstrativo do resultado do exercício, essa importante ferramenta de gestão financeira.

Em nossas empresas, a cada dia encontramos estradas tortuosas e desafios que parecem ser grandes demais pra darmos conta.

No entanto, tudo se torna mais fácil quando planejamos antes. Conseguimos nos preparar para o caminho que será seguido, nos precavemos com as ferramentas certas e o controle da situação fica em nossas mãos.

O DRE é uma dessas ferramentas que você pode usar na sua jornada por melhores resultados. É sobre esse poderoso recurso que vamos falar neste material.

O que é DRE?

A sigla DRE significa Demonstrativo de Resultado do Exercício.

A palavra “Demonstrativo” indica a finalidade do DRE: demonstra uma informação.

A informação aqui, é o “Resultado” do “Exercício”.

Em termos contábeis, quando falamos em “Exercício” estamos nos referindo a um determinado período.

Os períodos mais apurados geralmente são meses ou anos. No entanto, poderia ser, uma semana, seis meses ou cinco anos, etc.

O DRE é um relatório que vai demonstrar ao administrador qual o lucro ou prejuízo obtido durante um período.

Com base nestas demonstrações, o empresário pode tomas as decisões mais acertadas, como por exemplo: planejar investimentos, estipular limites para seus gastos e definir metas de vendas.

Estrutura do DRE

De forma muito resumida, podemos dizer que ele é composto pelas entradas de dinheiro, subtraindo-se as saídas (gastos), obtendo um resultado final.

O DRE tem um formato oficial. Uma estrutura específica na qual as informações devem ser organizadas.

Há variações deste formato. Dependendo do regime de tributação da empresa, pode haver informações a mais ou a menos.

O modelo de DRE que utilizaremos segue este padrão:

(+)	Receita operacional bruta
(-)	Deduções da receita operacional bruta
(=)	Receita operacional líquida
(+)	Receita não operacional
(-)	Custos variáveis
(=)	Receita líquida
(-)	CMV
(=)	Margem de contribuição
(-)	Custos fixos
(=)	Resultado
(-)	Investimentos
(+)	Saldo anterior
(=)	Resultado apurado no exercício

Cada linha acima, exceto aquelas que têm o símbolo de igualdade, formam um conjunto de informações.

Sendo conjuntos, deve ficar entendido que eles têm itens em sua composição.

A seguir, a mesma estrutura agora detalhando os itens:

(+)	Receita operacional bruta
		Vendas à vista
		Vendas a prazo
		Vendas XYZ
(-)	Deduções da receita operacional bruta
		Devoluções de vendas
(=)	Receita operacional líquida
(+)	Receita não operacional
		juros
		Venda de máquinas e utensílios
		Empréstimo banco xyz
(-)	Custos variáveis
		Custo X
		Custo Y
		Custo Z
(=)	Receita líquida
(-)	CMV
		(+) Estoque inicial
		(+) Compras
		(-) Estoque final
(=)	Margem de contribuição
(-)	Custos fixos
		Custo A
		Custo B
		Custo C
(=)	Resultado
(-)	Investimentos
		Reformas
		Compra de máquinas e utensílios
		Cursos
(+)	Saldo anterior
(=)	Resultado apurado no exercício

Cada conjunto de informações é composto por um ou mais itens. E a soma ou subtração de cada uma dos itens vai resultar no valor do conjunto.

Os itens demonstrados (“Venda à vista”, “Venda a prazo”, “Custo A”, “Custo B”, etc.) são as contas nas quais são vinculados os lançamentos individualmente.

Imagine que em um determinado período são emitidas muitas notas fiscais.

Algumas delas são vendas à vista, outras são vendas a prazo e outras são serviços. Contudo, todas elas farão parte da receita total.

Assim:

Essas contas são estruturadas no plano de contas da empresa. Caso precise criar o seu plano de contas, acesse esse material: Como funciona um plano de contas

O que significa “Operacional” e “Não operacional”?

(+)	Receita operacional bruta
(-)	Deduções da receita operacional bruta
(=)	Receita operacional líquida
(+)	Receita não operacional
(-)	Custos variáveis
(=)	Receita líquida
(-)	CMV
(=)	Margem de contribuição
(-)	Custos fixos
(=)	Resultado
(-)	Investimentos
(+)	Saldo anterior
(=)	Resultado apurado no exercício

Perceba a presença da palavra “Operacional” junto aos termos destacados acima. Essa palavra é importante.

Toda vez que enxergamos a palavra “Operacional” estamos nos referindo à finalidade pela qual a empresa existe.

Num comércio, por exemplo, a finalidade é vender produtos. Se é uma prestação de serviços, a finalidade é prestar serviço. Uma indústria, vender a sua produção.

Num comércio a receita operacional bruta será o total das vendas. Os valores operacionais serão sempre resultantes da atividade fim daquela empresa.

Pode haver informações “não operacionais”. Elas precisam ser separadas, pois vem de outras situações que não fazem parte da atividade fim do negócio.

Podemos citar como exemplos de receitas não operacionais: os juros recebidos, venda de um ativo imobilizado, empréstimos e ou aportes de dinheiro.

Como montar um DRE

O primeiro passo para montar um DRE é você ter o controle total de suas entradas e saídas de dinheiro.

Ele pode ser feito em uma boa planilha eletrônica ou, mais facilmente ainda, por um sistema de gestão.

Cada ganho e cada gasto deve ser contabilizado nas contas que você elaborou em seu plano de contas.

De posse dos valores acumulados durante um período o DRE pode ser montado da seguinte forma:

A	(+)	RECEITA OPERACIONAL BRUTA	A receita operacional bruta é composta por todas os ganhos no período, conforme a atividade fim da empresa. Exemplos: Vendas e serviços.
B	(-)	DEDUÇÕES DA RECEITA OPERACIONAL BRUTA	Poderão ocorrer no período algumas deduções. O exemplo mais típico é uma devolução, pois é de direito do consumidor ou cliente devolver a mercadoria. Mas aqui estarão também os impostos pagos e gerados em função da receita bruta. Caso queira saber mais sobre devolução, veja esse material aqui: Nota de devolução: as 5 dúvidas mais comuns ao emitir uma
C	(=)	RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA	Este grupo será calculado assim: C = A – B
D	(+)	RECEITA NÃO OPERACIONAL	Aqui totalizam-se os ganhos não operacionais que são compostos por toda entrada de dinheiro que não é proveniente da atividade fim da empresa.
E	(-)	CUSTOS VARIÁVEIS	Identifique aqui os custos variáveis. Para conseguir chegar ao valor deste grupo de informações, sugerimos verificar este material específico sobre custo fixo e variável: Custo fixo ou custo variável? Como saber identificar
F	(=)	RECEITA LÍQUIDA	A receita líquida é calculada assim: F = C + D – E
G	(-)	CMV	O CMV é o Custo das Mercadorias Vendidas. Este item estará presente no DRE quando a empresa tiver controle de estoques. Ele vai determinar quanto de dinheiro a empresa tem “empilhado nas prateleiras”. Não é a quantidade física de estoque, mas o valor monetário que ele representa. Este conjunto de informações é representado por: CMV = Estoque inicial + Compras – Estoque final Estoque inicial = o valor que a empresa tinha em estoque no período anterior ao de apuração do DRE Compras = o valor que a empresa comprou em novas mercadorias durante o período, subtraindo-se as devoluções Estoque final = o valor que a empresa tem em estoque no final do período A seguir, disponibilizamos alguns materiais relacionados ao CMV que podem ser úteis em caso de dúvidas: Estoque Produto: quais informações são estratégicas no cadastro Preço de custo: como calcular Receita líquida: o que é na prática?
H	(=)	MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO	A margem de contribuição é: H = F – G
I	(-)	CUSTOS FIXOS	Aqui é o momento de identificar os custos fixos. Para conseguir chegar ao valor deste grupo de informações, sugerimos verificar este material específico sobre custo fixo e variável: Custo fixo ou custo variável? Como saber identificar
J	(=)	RESULTADO	Mais uma informação totalizadora: J = H – I
K	(-)	INVESTIMENTOS	Os investimentos precisam ser identificados no DRE. Mas eles não são custos que podem ficar misturados com o resto. Os investimentos são uma categoria de gastos diferenciada onde, mesmo impactando no resultado, sabe-se que o gasto no curto, médio ou longo prazo irá impactar positivamente no resultado (se o investimento for bem feito!). Falamos mais especificamente sobre investimentos aqui: Investimento: onde deve ser realizado na gestão de empresas?
L	(+)	SALDO ANTERIOR	O Saldo anterior é o resultado no período anterior ao que está sendo contabilizado. Verifique o DRE anterior ao período atual a informação que está no valor “M”. Repita aquele valor aqui.
M	(=)	RESULTADO APURADO NO EXERCÍCIO	Por fim, calcule o resultado do exercício. O resultado do exercício será calculado assim: M = J – K + L